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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Bicicletas


Quando penso em pensar nessa insonia que não cessa coloco todas as interrogações no mesmo lugar.
Tristeza? Solidão? Penso que não haveriam historias pra contar, nem trabalho para tapar os buracos se todos os caminhos fossem estradas lisas... Ora, certeza tenho de que se houverem somente dois pés na areia os meus dois pés, não seria de todo, uma ideia ruim. Gosto de passos a sós. Solidão dita assim, como todos dizem parece algo ruim. Só é ruim se significar não estar consigo.
Anular-se.
Estar só é reflexão! Inspiração! Concentração!
Como todo amor a dois parte de um amor próprio, é preciso saber caminhar sozinho para aprender o caminhar junto! Quem tem medo da solidão, não gosta do que vê diante do espelho. Não gosta de si mesmo. Ainda que existam céus lotados de estrelas, há céus em que só uma basta. Existirão sempre poemas sem rimas, letras sem melodias, poesias que não são canções.
Há caminhos estreitos, em que só poderemos passar se não deixarmos o excesso de bagagem atrapalhar. Estradas estreitas que com um caminhão, será impossível passar.
Definitivamente, prefiro as bicicletas. Cabem a mim, e mais alguem. se houver necessidade. São fáceis de carregar quando um dos pedais não aguentar. Bicicletas não são alvos fáceis! Não quero mochilas, nem quinquilharias. Seria arriscado carregá-las e me deparar com colinas íngremes e tortuosas. Prefiro as bagagens invisíveis. Prefiro as dores e amores. Dores de Amores. Euforias e ansiedades. Calmaria e sensatez. Mas somente devo guardar comigo o que um dia posso usar na minha vida.
Carregar baús? Só se for de experiencias!
Caixas? Só se forem de boas lembranças!
Potes? Só se forem vazios para encher com o que virá!
Isso eu garanto que minha bicicleta irá carregar!
Sem buzinas para fazer alardes!
Sem caçambas para mostrar o que carrego.
Nesse exato momento, decidi-me seguir
a trilha abandonada de um trem
por onde parto rumo ao mundo que ainda não me conhece.

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